terça-feira, setembro 23, 2008

Da falta que Deus me faz


Como a grande maioria aqui sabe, tenho dúvidas da existência de deus (ou força superior, chame da maneira que lhe agradar), pelo fato de não conseguir acreditar somente por meio da fé.

Não sou, contudo, um ateu, que o nega peremptoriamente, com os argumentos que estamos carecas de ouvir, fome, peste, guerra, racionalidade, ignorância, sociedades primitivas etc. Esta diferença é importantíssima

Em outras palavras, agnóstico.

Desnecessário entrar em questões como a militância (a)teísta, ou mesmo a agnóstica. Acho que a questão é individual, crentes não são otários iludidos e ateus não são pecadores destinados ao mais profundo dos infernos. Particularmente, não me faz muita diferença a escolha alheia. Importante é não dar sermão para impôr posição.

Dito isto, ao que importa.

Não é que deus me faz faaaaaalta. Me faz sim, mas não no cotidiano. Não tenho a frieza para, nos momentos de tristeza e solidão, fingir que nunca acreditei nele, mas não lembro a última vez que rezei um pai-nosso, quase uma década, pouco mais, pouco menos. Enquanto tá tudo bem, deus lá longe. Quase o caçador ateu rezando pra onça não devorá-lo. Por uma questão de honestidade intelectual, não consigo rezar naquele momento que mais preciso de colo. Não supero a minha dúvida. E, de uns anos pra cá, a impossibilidade de tomar partido se tornou um enorme incômodo. E é este o problema, não saber se eu posso rezar.

A vida se tornou de verdade, emprego, relacionamentos longos, assim como os problemas. Enquanto tá tudo bem, deus lá longe. Agora, quando a cama se torna fria e a dor parece que nunca vai passar, eu invejo aqueles que têm posição. Não pelo conforto de saber que deus ajudará ou que o ser humano é falho e somos senhores das nossas escolhas, mas por terem a segurança disto.

4 comentários:

Anônimo disse...

Ah, Dri, eu nunca fui atéia por causa das desgraças que a existência de Deus evitaria. Eu acho extremamente fraco dizer que se Deus existisse não haveria guerra, sofrimento, etc. O cristianismo tem explicações bastante coerentes para o mal no mundo e que de forma alguma contradizem a existência de Deus, basta se informar um pouco melhor através dos textos da tradição.

Acho que se é ateu por encontrar uma profunda falta de sentido mundo, pela experiência desse sentimento mesmo. Provar a inexistência de Deus nem sequer deveria se colocar para um ateu, pois é como se ele tivesse sido inventado para suprir essa falta de sentido. Pelo menos pra mim, a dúvida com relação à existência não se coloca a não ser de maneira extremamente artificial. Eu parei de ser agnóstica quando percebi que me conservava na dúvida apenas para não afirmar racionalmente algo que não podia provar, mesmo sempre tendo certeza de que estava certa. Hoje em dia creio ter bons argumentos para minha posição, mas nem por isso acho que tenha sido dogmática no início e nem sei ser dogmático com relação a isso é de fato um problema.

Assim como quem acredita em Deus pode encontrar argumentos brilhantes para justificar sua posição, mas não necessariamente precisa dessas justificações. Se vc quer saber, eu acho que não é preciso provar, é uma "aposta". Eu invejo quem fez a aposta e pode rezar por ter plena consciência de estar fazendo bem pra si mesmo. Entre outras coisas. Mas seria pouco sincera se eu dissesse que isso me faz ter vontade de agarrar uma religião, ou Deus.

Parece que o seu caso é diferente do meu. Pelo seu post, parece que vc está bem mais inclinado a fazer a aposta, mas não faz porque não se sente confortável com as dúvidas que ela te traz.

Bjos,
M.

Anônimo disse...

eu não sabia que a gente concordava nisso, hehehehe...

Anônimo disse...

Hey, por acaso não é você o comentador anônimo do meu blog não, né? Estou intrigadíssima, hahaha

Saudades.

Nos vemos no baile, certo?
bjão

Lena Dib disse...

Eu tb invejo quem acredita. Acho q qdo a dor bater, eu tb passarei a acreditar, mas aí, já nao sei se ele acreditaria em uma fé tao oportunista.
Olivetto disse em uma entrevista q nao conseguia rezar durante seu sequestro, pq achava q nao seria ouvido já q nunca acreditara antes desse momento.

Piadinha - o importante não é acreditar em Deus, mas saber qdo ele está blefando.