sábado, fevereiro 03, 2007

O brasileiro é reconhecidamente um povo criativo. Seja a capacidade de inventar esquemas picaretas (colocar uma garafa d'água em cima do registro da SABESP, pois o peso reduziria o consumo), objetos insólitos (lembram-se do "óculos 2002"?) ou criações deliciosas a partir de nada (feijoada, anyone?), o reflexo disso na nossa Publicidade é muito forte. Que o digam os rotineiros prêmios em Cannes.

Mas sempre existem pontos fora da reta. Propaganda pra rico é bem feita, longos estudos conceituais, targets bem direcionados (já viram a do Prisma, que fantástica?) e essas coisas todas. Pobre é pouco exigente. Coloque uma dupla sertaneja, algum brinde ridículo (relógio de parede, toalha de mesa, calibragem dos pneus) e um "belo" crediário, que te fará vender seu carro pra pagar o microondas, com os juros amigáveis.

O que me incomoda não é uma gralha de chapéu de caubói gritando o nome da loja de móveis. Mas sim os nomes dos próprios móveis. A situação não é muito melhor do que a verificada em suítes de motel. Ao invés de Safira, Bergamota e Luxus Extravaganza, encontramos a estante nápoles, o rack veneza e a cozinha capri. Capisce? Que tara doentia é essa? Por quê raios essa fixação com cidades italianas? Claro, não podemos deixar passar a cama malibu e o guarda-roupas Kobe, mas esses são minorias, a Bota ainda domina o setor moveleiro popular brasileiro (ham-ham, pegaram, MPB, tendeu, tendeu?).


Será que é imposição da ABNT?

"Titulo V - Dos móveis populares

Art. 1º - A nomenclatura destes atenderá aos seguintes critérios, subsidiariamente:

i) Nomes de cidades italianas,
ii) Nomes de cidades de outros países.

a) As denominações deverão ser de fácil pronúncia."


Faz sentido. Quem compraria um armário stratford-upon-Avon? Ou um jogo de toalhas bietigheim-Bissingen? Um faqueiro kahramanmaraş? E, por motivos religiosos, uma cama vaticano

Mas não justifica. Aliás, nada justifica um cabideiro bergamo. E tenho dito.