segunda-feira, janeiro 21, 2008

Algumas coisas sobre mulher eu aprendi com minha família. Meu velho pai cedo me ensinou que "mulher tem que ser tratada com inconstância". Do meu tio-avô por parte de mãe, além das histórias, franciscano, revolucionário de 32, promotor lembrado até hoje por quem o viu na tribuna, ficou a frase "homem que gosta de mulher magra não sabe o que é conforto". Se de autoria própria ou não, azar. O velho Dragomiroff manjava das coisas.

Qualquer homem que tenha um contato mínimo com mulheres, sejam namoradas, irmãs, amigas ou alguma outra categoria, sabe que sempre existe aquele quilo e meio a perder. Não importa que todas as costelas apareçam. Ela inventa alguma dobrinha, alcinha ou gordinho.

Lembram-se das Vênus de Willendorf? Agora lembraram. Reparem que elas não são magrelas. Existe um motivo para elas terem carne. E vocês sabem disso.

Assim como existe um motivo pra Twiggy ser daquele jeito. Ela era uma porra dum cabide!

Se a Solange Frazão (opa, ainda dá um baita caldo!) sai na capa da revista, nós homens vamos mesmo soltar um "ê carnão!". Instinto primitivo. Mas não significa que vocês são obrigadas a ter aquela barriga zerinho. Aliás, não devem ter.

Pra manter um corpo daqueles, são necessários enormes sacrifícios. Horas e horas e horas de academia. Alimentação? Uma vagem, meia alface americana e duas rodelas de pepino, com casca. Sobremesa? Uma amêndoa. UMA. Sair pra jantar? Italiano? Chinês? Pizza com filminho? Nem.

"Ah, mas são só essas que eles querem, eu sou feia assim". Mentira. Seres normais não conseguem ter corpo, peito, bunda, coxa, sem ter uma sexy capinha na cintura. Ninguém no pleno uso de suas funções mentais vai reclamar de corpo. Pode até não ficar feliz com a alcinha, mas os coxões vão lembrá-lo de quão boa é essa troca. Vale a pena. E muito.

A Dove fez uma das campanhas publicitárias mais felizes dos últimos tempos, "Campanha pela real beleza". Monica Bellucci. Ou agora vai dizer que não?

Quem repara demais, nota um ou dois centímetros a mais de cintura, na mulher, tem algum problema sério. Não sabe conviver com a realidade. Mulheres de revista, televisão, ícones, não têm vida normal. Vivem em função do corpo. Só assim conseguem atingir o zero.
Aqueles que respeitam uma mulher, querem tê-la por completo. Não querem somente um corpo. Querem suas nuances. As pequenas imperfeições. Aquele dedinho do pé mais caidinho, preguiçoso. O jeito estranho de segurar a caneta. Ou melhor ainda, a maneira como ela coça o pescoço quando fica com ciuminho. Querem uma mulher que saiba conversar. A mulher inteira.

Não existe o manifesto pela pancinha? Por quê nós podemos, e elas não? Não nos orgulhamos do nosso calo do amor? Não falamos que é gostosura em potencial? Um magro é só aquilo. Já um pancinha não, ele é aquilo e pode ser mais. Não são elas que querem um homem que não peça caipirinha com adoçante? Um que não vá ter vontade de subir na mesa do bar, tirar a camisa e começar a dar showzinho? Sejamos grandiosos, então.

Queremos mulher? Claro que sim. Mas queremos mulheres felizes, mulheres de verdade.


Até porque osso machuca.

4 comentários:

Anônimo disse...

Que lindo!

Adorei... tava precisando ler isso hoje, hehehe.

Vivi Barbour disse...

Eita, no começo tinha certeza que ia vir algo do estilo daqueles seus odiosos comentários que eu tinha que ouvir na faculdade sobre qualquer idiotices da vida. Ainda bem que me surpreendi!
Interessante a sua iniciativa, seria ótimo se as pessoas começassem a pensar assim!

Brisa disse...

E depois de ler textos assim eu começo a pensar se eu realmente odeio tanto assim a largura das minhas coxas ou a picanha lateral... será que vale tanto assim gastar quase duzentos mangos em academia ao mês? Talvez seja mais útil gastá-los em cerveja (ou livros, tá bom...)!!

E, novamente, concordo com o seu tio-avô! E viva os doces calóricos! Uhu!

Beijo!

Lena Dib disse...

Desisti da academia, fui caminhar, e sou feliz. Ainda mais depois de ler isso.